Para cientistas reunidos em um colóquio sobre o HIV, em Paris, uma vacina preventiva poderá estar disponível dentro de sete anos ou menos.
Paris (AFP) - Trinta anos depois da identificação do vírus
HIV por uma equipe do Instituto Pasteur, de Paris, os grandes nomes das
pesquisas sobre a Aids, reunidos em um colóquio internacional, abordam
abertamente a questão da futura erradicação da doença.
O tema deste simpósio, co-organizado pelo Instituto Pasteur,
não é contar a história da descoberta do vírus pela equipe chefiada pelo doutor
Luc Montagnier, mas detalhar os desafios no futuro: vacinas, tratamentos
precoces, compreensão dos casos de remissão de longo prazo, etc..
"Talvez sejamos um pouco loucos, mas esperamos ter uma
vacina preventiva dentro de três, quatro, cinco, seis ou sete anos",
declarou à AFP o cientista americano Robert Gallo, especialista em virologia
que confirmou em 1984 a descoberta feita pelo professor Montagnier.
"Nós fizemos enormes avanços a respeito dos anticorpos
que atacam as proteínas do invólucro externo do vírus (...). Nós realmente
fizemos um avanço neste campo que renova as esperanças", explicou.
No entanto, as pesquisas para o desenvolvimento de uma
vacina se revelaram até o momento frustrantes.
"Temos esbarrado e continuamos a esbarrar em muitas
dificuldades científicas mas, historicamente, a obstinação e a inovação
científica compensam", afirmou o respeitado virologista americano Anthony
Fauci.
"Nós continuamos a fazer avanços sobre o conhecimento
dos anticorpos capazes de neutralizar o HIV e seu potencial para o
desenvolvimento de uma vacina", destacou o doutor Fauci, que chefia o
Instituto Nacional de Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, uma referência na
luta contra a Aids.
Co-descobridor do HIV em 1983, a virologista francesa
Françoise Barré-Sinoussi, do Instituto Pasteur, admite os "muitos
revezes" nas pesquisas sobre as vacinas, mas afirma que eles permitem
aprender.
Um outro eixo de pesquisa se articula em torno dos casos
raros de "remissões persistentes à suspensão do tratamento",
informou, em alusão aos casos de 14 pacientes descritos no estudo francês
Visconti, que mais de sete anos após a suspensão de qualquer tratamento com
antirretrovirais conseguem "controlar sua infecção".
Jean-François Delfraissy, diretor da Agência Nacional de
Pesquisa sobre a Aids da França (ANRS) considerou por sua vez que "o
divisor de águas para a erradicação" do vírus da Aids "é agora".
"As grandes agências de pesquisa (...) estão no topo e
têm as primeiras pistas, em particular na França" com os casos "um
pouco excepcionais" destes pacientes "tratados muito cedo" após
a infecção e que atualmente conseguem viver sem o tratamento, comentou em
declarações à France Info.
"Nós estamos em um tipo de remissão da doença viral
como falamos da remissão do câncer. É uma lanterna que nos ilumina para saber
aonde ir em termos de pesquisa", explicou.
O colóquio "30 anos de ciência do HIV, imagine o
futuro", realizado no Instituto Pasteur de Paris, vai dedicar uma sessão
às diferentes linhas de pesquisa para "controlar e tratar o HIV",
enquanto até agora os tratamentos com antirretrovirais permitem baixar a carga
viral até deixar o vírus quase indetectável, sem se livrar dele.
Há um outro projeto de pesquisa, também promissor e sem
dúvida mais imediato, para simplificar, aliviar os tratamentos e reduzir os
efeitos colaterais, sobretudo com moléculas de ação prolongada, com as quais
uma única dose por semana seria suficiente para o tratamento da infecção.
Por fim, vários estudos estão em curso sobre as classes de
medicamentos totalmente diferentes dos antirretrovirais, "que se aproximam
dos anticancerígenos" e que atacam os invólucros dos vírus, afirmou
Delfraissy à AFP.
Fonte: Envolverde/ Agência Frace Press/ Carta Capital
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