A partir do Recife, em
Pernambuco, uma iniciativa apartidária de politização pretende aumentar a
participação dos jovens brasileiros nos processos democráticos. O principal
objetivo do projeto Politiquê? é criar espaço para debates sobre o que é e como
é feita na prática a política. “Queremos passar uma base do que é política,
para responder a inquietações daqueles que falam muito, mas – de fato – não
sabem o que estão falando”, explicou a criadora do projeto, Camilla Borges, de
25 anos.
O
Politiquê? surgiu em março de 2013, mas ainda é considerado um projeto em
desenvolvimento pelos seus 19 voluntários envolvidos em organizar atividades
virtuais e presenciais para tornar a representatividade democrática mais
acessível a jovens de 15 a 25 anos. Por enquanto, mobilizações vem sendo
realizadas via Facebook, Twitter e pessoalmente, através de visitas a escolas
nas quais eles buscam abarcar interessados nas aventuras da cidadania. Um site
também está sendo construído e deve ser lançado em breve.
Camilla acredita que a
melhor forma para envolver as pessoas ainda é pelo contato presencial. Segundo
ela, o interesse do jovem em política é muito restrito e, para causar impacto,
é preciso desenvolver o lado “humano”, ou seja, estar presente. Ela concorda,
no entanto, que houve uma oportuna coincidência entre a fundação do Politiquê?
e as manifestações iniciadas em junho de 2013 no Brasil. Com o rebuliço
político, o interesse pelo tema aumentou.
A primeira atividade de impacto realizada pelo grupo foi a de
levar 20 alunos da escola Olinto Victor, do Recife, para fazer o
título de eleitor no Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco.
Segundo
a criadora do Politiquê?, a mobilização foi bastante significativa,
principalmente, porque teve começo, meio e fim. “Nem sempre esse resultado é
possível em nossos trabalhos, pois política é um processo”, pontuou.
O
próximo passo é capacitar ‘embaixadores’, alunos que representem um grupo e que
possam se tornar referências entre os jovens. A ideia é envolver cerca de 2.000
alunos por meio de 20 embaixadores, em 60 escolas. Entre as atividades
previstas estão simulação de campanha e votação. “O conteúdo vai aparecer do
começo ao fim do processo eleitoral. Os participantes se lembrarão daquilo
porque vivenciaram”, explica Camilla, para quem “experiências práticas são
muito mais transformadoras”.
Formada em Relações Internacionais, ela lembra que foi um
estágio-visita que fez durante a faculdade na Câmara dos Deputados, em
Brasília, que a motivou a criar o Politiquê?. Na ocasião estudantes de todas as partes do Brasil se dividiram em
mini-comissões para debater o tema ‘cota racial’ e chegar a um consenso.
A
internacionalista, no entanto, reconhece que política não é tema fácil.
“Aprendi mais vivenciando conflitos do que nos livros. Como na ‘teoria dos
jogos’, sempre um ganha, alguém tem que ceder. São choques de interesses,
defesa de opiniões. Nem sempre se pode sair ganhando. Só se entende isso na
realidade”, diz.
Viabilidade
Para tornar as atividades do Politiquê? possíveis, os membros do
grupo lançarão uma campanha de crowdfunding no site Benfeitoria, especializado
em financiamento de projetos sociais. Até o final do ano, eles querem
transformar o Politiquê? em uma ONG, para facilitar a captação de recursos.
Para
alcançar mais impacto em suas ações, também pretendem desenvolver um formato de
atuação que possa ser replicado em outros lugares do Brasil, multiplicando
resultados.
O Politiquê? foi uma das iniciativas entrevistadas na primeira
parte do projeto O Sonho Brasileiro na Política,
que está levantando recursos no Catarse até
esta quarta-feira (4/6). A expectativa do projeto é entender como os jovens
brasileiros se relacionam com política.
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