No bairro da Cremação, em Belém, aconteceu uma das
programações mais tradicionais do sábado de aleluia: a malhação de Judas. Nem
mesmo a chuva afastou as cerca de 5 mil pessoas que compareceram ao evento.
A malhação do Judas começou cedo. A primeira fase foram as
crianças que realizaram brincadeiras, quebra do jarro e corrida do saco. Várias
caixas de bombons foram distribuídas.
No final da manhã teve a malhação do Judas no meio da rua.
Políticos foram os principais representações de Judas. Os bonecos foram
produzidos por Associações Comunitárias. Entre os bonecos, personalidades
políticas e outras que simbolizam a discriminação e a corrupção.
O coordenador da Associação dos Malhadores de Judas da
Passagem Teixeira (localizada entre Fernando Guilhon e passagem São Miguel),
Cleber Melo, afirma que além da consciência da população local em manter a
tradição, são realizadas oficinas de confecção de bonecos com crianças e jovens
da comunidade.
“Ensinamos como e quais materiais podem ser reciclados, como
as crianças podem fazer os bonecos e incentivamos pais e filhos a refletirem
sobre temas como exploração sexual, pedofilia e violência de modo geral.
Sabemos que ao pontuarmos estas reflexões elas são levadas pelos meninos e
meninas para casa e para suas escolas. É uma forma de alertamos a comunidade
quanto a isso. As oficinas são realizadas três finais de semana antes do
evento”, frisou.
Homens da Polícia Militar garantiram a segurança da
população durante a tradicional Malhação de Judas. Foram deslocados 50
policiais militares com o apoio de viaturas, motocicletas e homens da
cavalaria, além do reforço de homens da Guarda Municipal de Belém.
Tradição
Com 63 anos de existência no bairro da Cremação, em Belém, a
Malhação do Judas acontece no sábado de aleluia precedendo o domingo de Páscoa
e lembra a traição de Judas Escariótes, homem que traiu Jesus Cristo por 30
moedas, que equivaliam a dinheiro na época.
Moradores afirmam que a tradição no bairro teve início
porque os vizinhos “malhavam”, ou seja, condenavam ou falavam mal de outros
vizinhos, gerando confusões e envolvimento da polícia. Foi a partir daí que
decidiram tornar o momento brincante e festivo, promovendo a confraternização
de todos.
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