Cadeia produtiva é apresentada como modelo de produção
orgânica no país
Brasília
Da Sucursal
Um dos destaques do filme "Brasil Orgânico" é a
produção orgânica de palmito e açaí de Abaetetuba, que conquistou o mercado dos
Estados Unidos. Além do extrativismo na Amazônia, o documentário fala de
alimentos, de pessoas, de saúde, de mercado por outros cinco biomas do país. O
filme integra a Mostra de Cinema do Desenvolvimento, promovido pelo Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O próprio mercado norte-americano exigiu que o açaí de
Abaetetuba tivesse uma cadeia baseada na produção orgânica. Desde que passaram
a exportar aos EUA, há sete anos, os produtores se depararam com um mercado que
exige não só uma produção mais saudável, mas também a certificação do que está
consumindo. "O produto certificado orgânico chega com toda documentação de
origem para que possamos assegurar a rastreabilidade. É feita inspeção,
lavagem, amolecimento, depois é despolpado, envasado e armazenado. Desde 2006
nós exportamos e no primeiro ano veio a necessidade de certificar a produção,
já que os Estados Unidos queriam produto orgânico", afirma o tecnólogo de
alimentos Rafael Ferreira.
Abaetetuba possui 500 famílias cadastradas, que somam três
mil pessoas sobrevivendo do palmito e do açaí, além da pesca. O extrativista
Jurandir Bailão destaca os cuidados com a higiene e sempre usa luvas para o
manuseio do açaí. "A gente sobe no açaizeiro com a mão e a gente nunca
sabe o que pode ter lá (na árvore), pra não ter contato com algum bicho,
né?", diz. Já o palmito manejado no local é vendido para a cooperativa JacobPalm,
que o beneficia e exporta. "O orgânico não está só no fato de não ter
agrotóxicos ou conservantes. O orgânico é uma cultura, é todo um trabalho que
envolve um selo orgânico. Exatamente isso, a questão social, de como é feito
esse produto. Eu acredito que a visão dos empresários tem que mudar",
afirma Ricardo Simões, gerente de qualidade da JacobPalm.
Simões destaca a importância do selo como diferencial.
"Dizer que todo produto fabricado e com origem daqui da Amazônia Legal é
tudo orgânico, não, tem que ter o selo", ressalta. A certificação é uma
verificação, por uma empresa externa, de que aquele empreendimento cumpre as
normas de produção orgânica. "A gente verifica aspectos desde manejo, de
plantas, de solo, biodiversidade, à questão do bem-estar, do respeito ao ser
humano".
Além do beneficiamento do açaí e do palmito, o documentário
mostra a comercialização dos produtos que passam pelo tradicional mercado
Ver-O-Peso. O bem sucedido exemplo paraense aparece ao lado de outros relatos
de produtores orgânicos de Norte a Sul do Brasil. Um dos entrevistados é o
ex-corredor Pedro Paulo Diniz, herdeiro do Grupo Pão de Açúcar e responsável
pela conversão de sua fazenda produtora de cítricos do cultivo convencional
para o orgânico. O pioneiro documentário sobre a produção orgânica brasileira
teve sua primeira exibição pública nacional ontem, em Brasília, durante a 3ª
Conferência do Desenvolvimento.
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