domingo, 24 de março de 2013

Açaí do Pará é estrela de documentário nacional

Cadeia produtiva é apresentada como modelo de produção orgânica no país



Brasília

Da Sucursal

Um dos destaques do filme "Brasil Orgânico" é a produção orgânica de palmito e açaí de Abaetetuba, que conquistou o mercado dos Estados Unidos. Além do extrativismo na Amazônia, o documentário fala de alimentos, de pessoas, de saúde, de mercado por outros cinco biomas do país. O filme integra a Mostra de Cinema do Desenvolvimento, promovido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O próprio mercado norte-americano exigiu que o açaí de Abaetetuba tivesse uma cadeia baseada na produção orgânica. Desde que passaram a exportar aos EUA, há sete anos, os produtores se depararam com um mercado que exige não só uma produção mais saudável, mas também a certificação do que está consumindo. "O produto certificado orgânico chega com toda documentação de origem para que possamos assegurar a rastreabilidade. É feita inspeção, lavagem, amolecimento, depois é despolpado, envasado e armazenado. Desde 2006 nós exportamos e no primeiro ano veio a necessidade de certificar a produção, já que os Estados Unidos queriam produto orgânico", afirma o tecnólogo de alimentos Rafael Ferreira.

Abaetetuba possui 500 famílias cadastradas, que somam três mil pessoas sobrevivendo do palmito e do açaí, além da pesca. O extrativista Jurandir Bailão destaca os cuidados com a higiene e sempre usa luvas para o manuseio do açaí. "A gente sobe no açaizeiro com a mão e a gente nunca sabe o que pode ter lá (na árvore), pra não ter contato com algum bicho, né?", diz. Já o palmito manejado no local é vendido para a cooperativa JacobPalm, que o beneficia e exporta. "O orgânico não está só no fato de não ter agrotóxicos ou conservantes. O orgânico é uma cultura, é todo um trabalho que envolve um selo orgânico. Exatamente isso, a questão social, de como é feito esse produto. Eu acredito que a visão dos empresários tem que mudar", afirma Ricardo Simões, gerente de qualidade da JacobPalm.

Simões destaca a importância do selo como diferencial. "Dizer que todo produto fabricado e com origem daqui da Amazônia Legal é tudo orgânico, não, tem que ter o selo", ressalta. A certificação é uma verificação, por uma empresa externa, de que aquele empreendimento cumpre as normas de produção orgânica. "A gente verifica aspectos desde manejo, de plantas, de solo, biodiversidade, à questão do bem-estar, do respeito ao ser humano".

Além do beneficiamento do açaí e do palmito, o documentário mostra a comercialização dos produtos que passam pelo tradicional mercado Ver-O-Peso. O bem sucedido exemplo paraense aparece ao lado de outros relatos de produtores orgânicos de Norte a Sul do Brasil. Um dos entrevistados é o ex-corredor Pedro Paulo Diniz, herdeiro do Grupo Pão de Açúcar e responsável pela conversão de sua fazenda produtora de cítricos do cultivo convencional para o orgânico. O pioneiro documentário sobre a produção orgânica brasileira teve sua primeira exibição pública nacional ontem, em Brasília, durante a 3ª Conferência do Desenvolvimento.

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