Ao mesmo tempo, a pesquisa revelou que a maioria dos brasileiros acha que a educação integral resume-se à extensão da jornada escolar e ao aumento de atividades extracurriculares.
Para analisar os resultados, o Portal Aprendiz conversou com Êda Luiz, diretora do Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (Cieja) Campo Limpo, Beatriz Goulart, arquiteta e coordenadora do Cenários Pedagógicos e Anna Helena Altenfelder, superintendente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).
Confira abaixo as análises:

Para mudar isso é difícil, mas nós teríamos que começar a fazer reuniões de pais de forma diferente, e também fazermos com que as escolas cumpram o que temos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Cadê os conselhos de escola, cadê os grêmios? Se o trabalho fosse sério dentro da escola, a gente poderia começar a resolver alguns desses problemas, principalmente nessas questões de abertura.

Muitos ainda pensam que a educação integral é uma ideia de deixar os pais sossegados porque os filhos estão presos na escola o dia inteiro. É essa concepção média que se tem no senso comum. Temos discutido muito entre nós (algumas instituições e atores das políticas públicas) parece que está difundido, mas mesmo na universidade é uma discussão pouco conhecida.
A violência urbana é uma questão central nessa discussão. Para muita gente é impossível pensar que a cidade pode ser amiga, pode ser educadora. A gente desenvolveu toda uma concepção de bunker, de gueto, de se fechar em casa, então pensamos que uma boa escola é aquela que realmente sobe os muros. Hoje, a escola é um simulacro da vida real. Se fosse igual a vida real, os pais e os professores não iriam querer, pois acham a vida real perigosa. Então continuamos com essa concepção de uma escola pra se proteger do mundo.
Esse cuidado tem a ver com impedimento, com proibição, com segregação. Ou seja, para cuidar você tem que se isolar. É a concepção moderna de que cada coisa tem seu lugar. A escola ainda não chegou ao século 21. Nesse sentido, a presença da infância na cidade constrange, mas no bom sentido. Ela regenera o que tem de humano na cidade. Quanto mais a gente sair com esses meninos na rua, melhor. São os próprios estudantes que podem fazer a propaganda. Eles são os protagonistas.”

Porém, a escola em tempo integral ainda não é uma tradição no Brasil. Por isso, não me causa espanto que haja um desconhecimento da concepção de educação integral. A grande massa a vê como um instrumento para a criança ficar mais tempo na escola, e não como uma possibilidade de promover um desenvolvimento integral. Que políticas são importantes para trazer para a educação integral? Como as escolas, as mídias, as políticas públicas podem ajudar nessa discussão?
É preciso deixar claro que a educação é um direito e que o direito não é só ao acesso, mas à qualidade, e também um direito à uma educação que promova o desenvolvimento integral do cidadão”.
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