O laboratório Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) liberou nesta
quarta-feira 10 mil mosquitos portadores de uma bactéria que impede a
transmissão da dengue e com a qual pretendem diminuir a reprodução dos insetos
que transmitem a doença.
A ação de soltar os mosquitos contaminados com a bactéria
foi feita Tubiacanga, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, no
desenvolvimento da campanha "Eliminar a Dengue: Nosso Desafio" e faz
parte de um projeto internacional lançado pela Austrália que testa esse método
de combate à doença em vários países.
Os pesquisadores injetaram a bactéria Wolbachia, presente em 60% dos insetos do mundo e inofensiva ao ser humano, no Aedes aegypti, o mosquito que transmite a dengue. A intenção é que as novas gerações herdem este bacilo e pouco a pouco aumentem sua porcentagem no ambiente. Além da Austrália, a experiência já foi feita na Indonésia e no Vietnã.
Durante os próximos três ou quatro meses, conforme a
adaptação dos insetos no ambiente, a cada semana serão soltos 10 mil mosquitos
contaminados nesta comunidade. Segundo o líder do projeto no Brasil, o
pesquisador Luciano Moreira, apenas dentro de dois anos será possível observar
o impacto do experimento na redução dos casos de dengue, que neste ano causou a
morte a 336 pessoas no Brasil.
Segundo os pesquisadores da Fiocruz, existem dois bilhões de
pessoas no mundo em regiões nas quais há o risco de contrair a dengue. No
Brasil foram registrados no ano passado 1,5 milhão de casos da doença, dos
quais 663 resultaram mortais.
O processo funciona quando um macho portador da Wolbachia
fecunda uma fêmea sem a bactéria, seus ovos não produzem larvas, enquanto
quando se emparelham um macho normal e uma fêmea com a bactéria, os filhotes
herdam as características do macho.
"Desta forma o método se torna sustentável e não
precisamos soltar sistematicamente mais mosquitos com a bactéria",
explicou Moreira.
Para realizar o projeto, os pesquisadores da Fiocruz tiveram
que conseguir a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento.
Nas pesquisas colaboraram os moradores da região, que
instalaram armadilhas para mosquitos em suas casas e que são fundamentais para
avaliar o volume de Aedes aegypti existente no local.
Apesar dos bons resultados obtidos em outras regiões do
mundo, Moreira é prudente e afirma que estas medidas são apenas
"complementares" a outros tipos de pesquisas, como a busca de uma
vacina definitiva para a dengue.
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