A festa em honra de Nossa Senhora de Nazaré é realizada anualmente em Belém desde 1793, uma celebração em que sagrado e profano se complementam
A festa à Virgem de Nazaré, que congrega milhares de fiéis
todos os anos em Belém do Pará, agora também é Patrimônio da Humanidade. A
Oitava Reunião Anual do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do
Patrimônio Imaterial, da UNESCO, aprovou nesta quarta-feira, dia 04 de
dezembro, a inclusão do Círio de Nazaré na Lista Representativa do Patrimônio
Cultural da Humanidade (Veja o material sobre a candidatura do Círio de Nazaré
clicando aqui). Agora, o Brasil possui quatro bens imateriais inscritos. Também
são Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade o Samba de Roda do Recôncavo
Baiano, Arte Kusiwa – Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi e o Frevo:
expressão artística do Carnaval de Recife.
A reunião do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do
Patrimônio Imaterial na cidade de Baku, no Azerbaijão, de 02 a 07 de dezembro,
recebe 800 delegados de cerca de cem países. O encontro fará também um balanço
dos dez anos da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial,
que desempenha papel crucial na promoção da diversidade cultural em todo o
mundo. Este ano, além do Brasil com o Círio de Nazaré, outras nove candidaturas
serão avaliadas pelos 24 países membros do Comitê, entre eles o Brasil.
O Círio de Nossa
Senhora de Nazaré
A festa em honra de Nossa Senhora de Nazaré, realizada em
Belém, tem como principal procissão o Círio, que ocorre desde 1793. A festa
religiosa envolve outras celebrações que começam em agosto e se prolongam 15
dias após o Círio no chamado Nazareno. Sagrado e profano se complementam
mutuamente, promovendo um fato social de dimensões religiosa, estética,
turística, cultural e econômica. Para os paraenses é o momento de demonstração
de fé e reiteração de laços familiares e afetivos. Atualmente, o Círio de Nazaré agrega mais de
dois milhões pessoas no dia principal da procissão.
A jornada de fé e devoção considerada uma das maiores
concentrações religiosas do mundo foi o primeiro bem cultural inscrito pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artísitico Nacional (IPHAN) no Livro de
Registro das Celebrações como Patrimônio Cultural do Brasil. Sua inscrição na
Lista Representativa do Patrimônio Cultural da Humanidade contribui para dar
visibilidade aos patrimônios culturais imateriais do mundo.
O Círio ocorre há 220 anos contínuos e possui grande
capacidade de mobilização popular. Em sua primeira realização, contou com cerca
de 10 mil pessoas, atraídas por seus elementos que conformam a identidade
brasileira: sua a gente, o colorido e o sentimento de devoção e fé que dão
movimento e vida a muitas manifestações religiosas populares por todo Brasil.
A origem do Círio de Nazaré está envolta em mitos que se
misturam a fatos históricos. As festividades são centradas na devoção à imagem
de Nossa Senhora de Nazaré, que, de acordo com os devotos, foi encontrada por
um homem do campo chamado Plácido. Ele descobriu uma pequena imagem da Virgem
de Nazaré entre as pedras cobertas de trepadeiras, às margens do igarapé
Murutucu, atualmente local da Basílica de Nazaré. Plácido levou a imagem para
casa e, no dia seguinte, ao acordar, ela havia desaparecido. Assustado, correu
ao local onde a encontrara e percebeu que a imagem havia voltado para o mesmo
lugar.
O fenômeno repetiu-se várias vezes, até que o governador da
época mandou que a imagem fosse levada para a capela do Palácio do Governo,
onde ficou guardada pelos soldados. Mas, no dia seguinte, a santa foi de novo
encontrada às margens do igarapé, com gotas de orvalho e carrapichos presos a
seu manto, prova da longa caminhada. A notícia atraiu para a palhoça do caboclo
habitantes da cidade que, de curiosos, passaram a engrossar as fileiras dos
devotos da santa milagrosa. O Círio de Nazaré revive esse trajeto – o ir e vir
– feito pela Santa.
Fonte: ARIN - Ascom-IPHAN
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